
Grace Passô é, para mim - e sei que para muitas outras pessoas também - a maior artista que vi surgir no Brasil nos últimos anos. Aos 38 anos, foi a artista homenageada pelo festival de Tiradentes de 2019, com a seguinte citação: "Num tempo em que muita gente não vê futuro adiante, decidimos apontar algum futuro pelo que ainda virá dessa atriz".
Ela é uma dramaturga, cineasta e atriz de um talento e complexidade absurdos. Está ou esteve envolvida em diversos projetos sensacionais realizados no Brasil nos últimos anos, tais como a opereta Pretoperitamar, sobre vida e obra de Itamar Assunção, cuja dramaturgia desenvolveu... e atuou em filmes premiadíssimos de alguns dentre os mais promissores realizadores do Brasil, como "Temporada", de André Novais (Netflix) e "No coração do Mundo", de Gabriel e Maurílio Martins (Now). Escreveu e dirigiu diversas peças, dentre elas "Vaga Carne", um escândalo de texto, que foi recentemente adaptado para um curta-metragem que estreou simplesmente no Festival de Berlim.
Dá pra conhecer um pouco sobre a dramaturgia aqui, na leitura dramática que ela fez na última flip do texto "O Poço de Cima" (é só o áudio e já dá pra sentir a potência).
Mas essa indicação é especificamente sobre o curta metragem "República", que Grace roteirizou e dirigiu (e no qual também atua), a convite do IMS (Instituto Moreira Salles). É um curta feito durante a pandemia, a partir da pandemia, e propõe reflexões - pra dizer o mínimo - surpreendentes e algo alinhadas com o realismo mágico sulamericano (escola de Murilo Rubião, Borges, Cortázar etc). Fora a atuação dela no filme, que é inacreditável, impecável, nem sei mais como adjetivar. Imperdível.
"República", Grace Passô
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